Zé do Caixão é lembrado em ‘In Memorian’ póstumo do Oscar 2021

É certo dizer sobre José Mojica Marins, o vulgo Zé do Caixão, que se tem uma coisa na qual ele jamais passou perto, foi de Hollywood. Cineasta visceral, das raízes e entranhas do cinema underground, de carreira com grandes clássicos feito à base de improviso, dotados de irreverência e crítica social, e com produções precárias, mas sempre criativas — dado o contexto, principalmente pela época e pelo país em questão: nosso querido e amado Brasil.
Pensando nisso tudo, seria de se admirar que alguém de fora da grei de topo da elite do cinema fosse prestigiado por seu cinema subversivo.
Talvez, assim fosse como devesse ser, mas não é o caso. Hollywood não tem tempo para vários gênios ao redor do mundo que fazem cinema na raça e na coragem, que jogam por suas próprias regras, e que vão de encontro à paradigmas e regimes autoritários do momento (o que claramente foi o caso de Mojica que teve seus filmes confiscados na ditadura, mas manteve-se firme, como pôde).
Zé do Caixão foi homenageado em uma galeria online póstuma no site da 93ª premiação do Oscar, o maior e mais tradicional evento do cinema no mundo, realizado neste domingo (25). O mestre do terror brasileiro morreu aos 83 anos, no ano passado, em fevereiro.

É uma pena que Mojica preste apenas um pequeno tributo póstumo e oculto à alguém tão importante na cultura do maior país da América do Sul.
Trata-se de uma subcategoria notoriamente criada para abafar as injustiças anuais desse evento todos os anos desde 1929. Afinal, eles não tem tempo para todo mundo, seria cansativo e pouco interessante aos anúncios milionários que intercalam o programa.
Para nós, Mojica continuará sempre sendo lembrado. Afinal, nós sim temos consciência do quanto foi importante, difícil e crucial seu cinema, mesmo que imperfeito, mesmo que torto e sorrateiro em scripts. Mojica é Brasil, uma história e uma lenda.