Documentário “Buried Alive” revela a verdade sobre Edgar Allan Poe
Matéria original do site: Booktrip
A ideia de “fake news” (notícias falsas) parece um fenômeno recente, um termo popularizado desde o ano passado graças à controversa eleição de 2016 nos EUA (e mais recentemente no Brasil).
Mas, como se constata, “fake news” vêm acontecendo há muito mais tempo do que isso, com vítimas de reportagens falsas espalhadas por toda a nossa história. Uma daquelas vítimas históricas? O avô do gênero de horror, Edgar Allan Poe.
Famoso por sua escrita sombria e tramas assombradas, Poe se tornou sinônimo do terror gótico. Mas sua vida privada é considerada tão notória quanto seu trabalho, com rumores sobre o escritor permeiam toda a cultura literária. Alguns dizem que ele era tão louco quanto seus personagens, enquanto outros mencionam até perversões sexuais e vícios de opiáceos (substâncias derivadas do Ópio).
Até mesmo sua morte foi considerada um estranho mistério que poderia facilmente ter agraciado as páginas de um de seus contos: em 1849, aos 40 anos, ele foi encontrado vagando pelas ruas da cidade de Baltimore em um estado aturdido e agitado, vestindo as roupas de outra pessoa. Ele morreu no hospital antes que ele pudesse explicar como acabou em tanto sofrimento, e sua causa de morte foi registrada como “congestionamento cerebral”. As pessoas passaram anos tentando descobrir como ele realmente morreu, atribuindo-o a tudo, desde um alcoolismo agudo e muito mais.
Com tanto mistério em torno de sua vida e morte, é difícil saber o que é verdade ou não sobre o autor icônico. Mas graças a livros e séries-documentário como a do canal americano PBS, do escritor e cineasta Eric Stange, a realidade da vida de Allan Poe tem sido mais esclarecida do que nunca. Intitulado “Edgar Allan Poe: Enterrado Vivo” (tradução livre), Stange se propõe a descobrir a verdade sobre Poe e desmascarar os rumores que o perseguem desde sua morte.
Parte do que Stange explora é a “fake news” que ajudou a moldar o legado de Poe. Depois que ele morreu sob circunstâncias tão bizarras, seu obituário foi escrito pelo colega autor Rufus W. Griswold. O único problema? Griswold era um grande rival literário de Poe, e ele preencheu o obituário com mentiras e histórias lascivas que pintaram Poe como depravado e sombrio — como se ele pudesse ser um dos personagens de suas próprias obras. Essa percepção de Poe, como um louco e até assassino, foi uma que seguiria seu legado por anos, com muitos acreditando nisso até hoje.
Em “Buried Alive”, Stange está definindo o recorde, explorando não apenas a misteriosa morte de Poe, mas o que faz a escrita e o legado de Poe ainda serem tão populares hoje em dia. O célebre ator Denis O’Hare interpreta Poe em cenas reencenadas de sua vida, enquanto Kathleen Turner, indicada ao Oscar, narra.
A série ‘Enterrado vivo’ mostra o verdadeiro legado de Poe: o de um autor brilhante, um crítico, um editor e um homem que sofreu uma tremenda perda ao longo de sua vida. Ele teve uma vida complicada (é verdade que ele sofria de alcoolismo e que ele se casou com sua prima Virgínia, quando ela tinha apenas 13 anos e ele tinha 26 anos), mas também produziu um trabalho que durou décadas. Ele não apenas moldou o gênero de terror moderno de maneira tremenda, como também inventou o romance de ficção policial. Seu famoso personagem de detetive, C. Auguste Dupin, foi uma inspiração direta para a criação de Sherlock Holmes.
O especial estreado em 30 de outubro de 2016 no canal PBS, está disponível para streaming e no Cine Torrent, procurem por aí. Veja aqui o cadastro do Filmow.
Publicado originalmente em 20/01/2019 em nosso blog.
