CRÍTICA | “The Hereafter” (1983)

“The Hereafter — doravante. Onde apenas os mortos sobrevivem.”
Sinopse oficial: Neville Harmer acha que seus problemas acabariam quando seu pai, debilitado por uma cadeira de rodas, finalmente morresse, mas sua morte vem de forma prematuramente devido à negligência do próprio Neville, que fica com uma pesada herança.
Mas os termos do testamento dizem que Neville terá de continuar a operar a serraria de seu pai e a morar na casa, do contrário perderá a herança. No entanto, a casa tem uma história sombria, onde muitas coisas inexplicáveis já aconteceram, fazendo com que muitos questionem suas próprias sanidades.
É um filme tão difícil de ser encontrado que nem sequer trailer tem. Muito infelizmente.

O finado diretor:
Um dos melhores da carreira de Michael J. Murphy, um diretor de filmes de baixo orçamento praticamente esquecido. Neste filme, sob pseudônimo artístico de Michael Melsack. Infelizmente o diretor nos deixou em 2015.
Tendo feito a maioria dos seus filmes no formato VHS, e já tendo em vista que são extremamente cult, dificilmente serão re-lançados agora. O que é uma pena porque Murphy tem lá seu valor.
O filme em si:
“The Hereafter” não é um filme de terror, está mais para um Thriller. Mas é um bem inventivo, diga-se de passagem, não lembro de ter visto nada parecido. É uma história envolvente, mas, é claro, no limite de sua simplicidade.
É preciso entender em que perspectiva esse filme se apresenta, já que a capa (um tanto quanto sensacionalista — e bonita) pode dar a entender que se trata de um gore ou algo do tipo. Na verdade, é um pouco decepcionante pela falta de elementos mais repulsivos, e de sangue, principalmente.
O filme do mês em nosso blogue:

O diretor, Murphy, nunca foi um grande gênio das maquiagens grotescas como outros do ramo, por exemplo, Olaf Ittenbach, mas nesse filme conseguiu trazer o sentimento de nojo em momentos estratégicos. E isso é o mais legal em “The Hereafter”, ele tem um roteiro razoavelmente bem elaborado, e desenvolve elementos de forma crescente.
Uma das maiores complicações desse filme é sua linguagem, cheia de gírias britânicas, se você for assistir sem legenda, pode ser difícil de entender, é Bloody para cá, Bloody para lá. E como não poderia faltar, o velho e típico clima britânico nublado, com a presença (nessa história essencialmente) de lagos e estradinhas de chão.
Atuação ruim, porém com seriedade:
Edição desse filme é bem… como dizer? “Rústica”. Em cenas de maior ação, onde morrem personagens, e há violência repentina, nota-se melhor a tal edição.
E as câmeras não criam possibilidade de interpretações errôneas, estão sempre apontadas somente para o que é necessário dentro de cena, e a edição faz o resto, mas se não assistido com atenção, pode causar certa confusão.

A atuação não ganhará nenhum Oscar, mas não é extremamente péssima, ao menos anda de mãos dadas com um roteiro que tenta se levar a serio e construir algo que fuja de ideias infantis — e assim são os atores.

Bom ver os atores Steven Longhurst como Neville e Al Greer como o ranzinza e cadeirante, pai de Neville, Alfred Harmer, no demais, os outros só cumprem com os papeis fazendo o dever de casa.
É salutar a dublagem desse filme. É senso comum que essa técnica de redublar, enriquece e muito os filmes Trash, visualmente, torna algo com uma pegada mais clássica, fora a oportunidade dos atores (ou dubladores profissionais) melhorarem as performances — é o caso. Definitivamente.
Um Thriller interessante:
Muitos que não conhecem, ou veem esse filme pela primeira vez, podem esperar Terror agressivo, e ele não deixa de ser, mas em momentos-chave. Está bem mais para um filme psicológico, e até para um drama familiar, do que o resto. E o fator psicológico importa muito para essa história.
O tema e intrigas sobre herança, bens de família e conflitos familiares é uma das coisas legais desse filme, que para muitos pode agradar, e tantos outros, ser um dissabor.

Filmes que me lembrou pelo drama familiar: “Deranged — Confissões de um Necrófilo” (1974); com certa semelhança de um filho criado dependentemente, mas indo para outro lado, mas ainda indicaria para quem não assistiu). Um pouco de “Basket Case — O Mistério do Cesto” (1982) pelo entrevero e pelas mentiras.
E como não “Sepultado Vivo” (1990) — filme do qual ainda não falamos neste blogue, mas iremos — Excelente filme de TV, por sinal.
Por fim, “O Exorcista” (1973) e algumas coisas me lembraram “A Troca / Intermediário do Diabo” (1980) — coisas estas que se eu dissesse seria spoiler.
Esperamos que esse filme algum dia seja relembrado e trazido — se possível, pelo menos para DVD, já que a única coisa que tem dele por aí, os próprios fãs que postaram. Eu tenho certeza que muitos fãs do gênero, e de filmes Trash, comprariam, é um Thriller interessante.
Quem sabe se o diretor enviasse uma carta psicografada…

NOTA FINAL: 6,7 | RE-ASSISTIRIA? SIM | COLECIONARIA? SIM
MERECIA ALGUM PRÊMIO? NÃO
Crítica publicada originalmente em nosso blogue em 05/11/2019.