CRÍTICA | O Terror de Freddy Krueger — 1x01: Nunca mais um bom rapaz

EstranhoCine - Filmes de Terror
7 min readNov 29, 2019

Título Original da série: Freddy’s Nightmare | Título Original do episódio: No More Mr. Nice Guy | Episódio: 1ª Temporada, episódio 1 | Direção: Tobe Hooper | Roteiro: Wes Craven, Michael De Luca, David Ehrman e Rhet Topham | Exibido: 9 de Outubro de 1988 | País: Estados Unidos | Linguagem: Inglês americano | Estrelando: Robert Englund, Ian Patrick Williams, Anne E. Curry

É sensacional ver um Freddy Krueger nessa pérola, com a atuação mais genuína possível de Robert Englund, roteiro original de Wes Craven e a inusitada direção de Tobe Hooper — o eterno clássico do gênero, O Massacre da Serra Elétrica (1974), e a sequência, dois anos antes deste episódio com O Massacre da Serra Elétrica II (1986). É tudo que poderíamos querer e um pouco mais, e mostra também que houvera todo um esforço de produção para fazer deste episódio de piloto o nome da série inteira de episódios nessa primeira temporada praticamente experimental, e não dá para dizer que não foi má sucedida, foram 44 eps. em 3 anos (88, 89, 90) ao longo de duas temporadas de 22 episódios, com 1h cada (45min. ininterruptos + comerciais).

E para se falar dos eps. seguintes, nenhum outro está no mesmo patamar deste piloto, produzido com muita atenção e com um extra-carinho. Apesar de manter sempre como padrão os roteiros do Wes Craven, após este ep. há um declínio na qualidade das histórias, e isso sem se falar que a série se desgastou rapidamente, com a exceção de alguns e a reiteração do mesmismo em alguns outros.

Infelizmente também, vemos uma Fotografia bem inferior àquela vista no cinema com investimento forte em qualidade visual e efeitos, de longe essa série é bem mais anos 80, por mais que tenha tido um lançamento (quase que limitado) em DVD, ela é de VHS… Total. Os efeitos visuais são nulos, parece que do jeito que filmaram, foi para a TV, sem efeito algum, nenhuma “côrzinha”.

Como uma das grandes sacadas dos anos 80 em termos de série de Terror com esse mutirão de elite na produção da série (inclusive pouco menos de um ano antes da exibição do primeiro episódio de Contos da Cripta nos EUA), a série não só abriu com chave de ouro com Hooper, como também contou com diretores brilhantes como Mick GarrisA Mosca II, Criatuas II, Sonâmbulos (1992), entre outros, Tom McLoughlinSexta-Feira 13 pt. IV, Jason Vive (1982), Numa Noite Escura (1982), Ken WiederhornA Volta dos Mortos Vivos, pt. 2 (1988), Horror em Alto Mar (1977), Tom DeSimone — Noite Infernal (1981), e por ai vai.

Uma das coisas que mais me chamam atenção nesse ep. é a atuação de Robert Englund em combinação com os enquadramentos. Se nos filmes a produção visual é melhor, nesse piloto há um toque especial a mais do que vemos nos filmes, na atuação de Englund, com ângulos de câmera que deixam ele com um ar mais misterioso, sempre por trás e sempre sem mostrá-lo por completo.

Já por outro lado, apesar de ter sido uma inovação na franquia levar este ícone para a televisão, nem tudo fez tanto sentido assim, a dizer por este ep. onde o próprio Fred é o host-anfitrião da sua própria história, ficou bem cafona, tosco e deu um tom esquisito, que vendo e revendo ainda continua sem fazer o menor sentido… Mas tudo bem.

As primeiras vítimas do implacável, doentio, escroto e odiado, Freddy Krueger

Logo no começo deste primeiro episódio evidenciamos as descrições das primeiras vítimas do Krueger em plena corte, no dia do seu julgamento, a partir da quinta vítima, Virginia Cross (oito anos) e seu irmão Mike Cross (quatro anos). Boby Doil (seis anos) — identificada pela arcada dentária, totalizando oito vítimas. Enquanto falam, Krueger se mantêm acuado, e dentro de uma câmara de segurança… Meio nada a ver.

Todos se mostram indignados no julgamento, com inclusão da própria juíza que julga o caso, no entanto após uma brecha na lei ele é solto pela porta da frente, por mero desleixo do policial que lhe prendeu, na verdade tenente, Timothy Blocker, interpretado por Ian Patrick Williams — Re-Animator (1985), Bonecas Macabras (1987), o tal tenente errou em não ter citado seus direitos no momento da prisão… Meio ridículo isso (roam os juristas e advogados), mas tudo bem.

A atuação de Williams a propósito não é lá essas coisas, acho que foi uma escolha bem abaixo da média para o cenário da época.

E então a história é tudo o que já conhecemos, a comunidade da (antes pacata) Springwood decide fazer justiça com as próprias mãos e ateiam fogo nele (até isso é meio estranho, um serial killer de criancinhas em plena cidade pequena, mas tudo bem), a cena em si é menos impressionante do que poderia ser já que não reação, pelo contrário, Freddy esperava por aquilo como se já soubesse que iria ressuscitar como um espírito psicopata que ataca nos sonhos… Mas é bacana vê-lo no sadismo absoluto e insensível gritando: “Eu vou voltar! Estou livre! Estou livre!” Daí em diante o episódio passa a explorar sobre o cotidiano do policial (que prendeu Freddy após matá-lo, se torna um alvo para a primeira vingança do Freddy sobrenatural.

No entanto, existe um problema de contradição um tanto quanto curioso nesse episódio, no A Hora do Pesadelo, a mãe de Nancy, Marge Thompson (Ronee Blakley) diz que ela e o tenente Donald Thompson (John Saxon) fizeram, eles próprios, justiça com as próprias mãos com alguns outros moradores de Springwood, mas nada disso é visto no ep. Não só o personagem de Thompson foi substituído por Timothy Blocker, como houve alteração na história.

Fato curioso é numa cutscene, deletada do filme (mesma cena em que Marge revela a Nancy sobre Freddy Krueger), ela fala sobre uma irmã gêmea que Fred haveria violentado e matado. Nunca entendi porque cortaram essa cena, daria muito mais sentido ao inferno que Nancy passou e Craven reutilizou isso no episódio piloto, com as irmãs gêmeas do tenente, dos quais uma fora violentada pelo Fred.

Talvez por isso tudo que nunca antes, ou depois, tenham mexido no “vespeiro contraditório” que é filmar o prequel do Freddy Krueger, e isso que nem o próprio criador conseguiu juntar todas as pontas, quem dirá um forasteiro agora que ele faleceu.

Apesar de parecer uma feita de baixo orçamento, esse ep. é interessante para quem é fã da franquia A Hora do Pesadelo, eu não indicaria para alguém nunca viu os filmes antes e não goste desse vilão-aberração, e como citei anteriormente não acho que os demais episódios mantenham um padrão de qualidade na história, com exceção de alguns eps. adiante deste, mas eu indico este primeiro para abrir o apetite de quem quiser, se você curtir dê uma chance aos demais.

E no fim das contas até que é um bom entretenimento para os fãs do Terror oitentista, com contradição ou sem, afinal de contas, esse é o Freedy’s Nightmarepesadelo do Freddy.

Curiosidades sobre este episódio:

- Esta foi a única vez que houveram relatos mais detalhados sobre as primeiras vítimas e que vimos uma filmagem da alguma cena do julgamento de Freddy Krueger.

- Durante o julgamento, no caso contra Freddy, ele é absolvido porque não lhe fora lido os direitos na hora da prisão… Só que isso, segundo a lei não faria da apreensão dele “ilegal” como é dito no ep., e não seria causa suficiente para absolver um réu como este, nem hoje, nem em 1986. Tudo o que significa é que nenhuma declaração que ela pudera dar, em seu favor ou desfavor, poderia ser indeferível perante a corte. E nada disso é o caso, como preso em flagrante ele não poderia ser libertado simplesmente.

- O 7º episódio da 1ª temporada, intitulado “Sister’s Keeper” — Começando de onde a história do episódio piloto termina, em Nunca mais um bom rapaz, que é um prequel do filme A Hora do Pesadelo, os eventos no episódios se passam antes do filme. No entanto, com a adição das roupas e estilo de se vestir do final dos anos 80, pendurado no quarto dos gêmeos está o pôster do álbum da Madonna, “True Blue”, lançado em 1986, dois anos antes do primeiro ANOES, que pode ser datado de 1984.

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